Brave Walls: Mulheres da Resistência

Dolores Esos desenvolve mural para celebrar o Dia Nacional da Luta Contra a Violência à Mulher e homenageia mulheres importantes para a história

Para o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, o Consulado Alemão convidou nossa artista Dolores Esos para pintar um mural no Boulevard Olímpico, região portuária da cidade do Rio de Janeiro. Com a curadoria do Museu de Arte Urbana do Porto (MAUP Rio), Dolores homenageou cinco personalidades femininas da política e da arte, importantes para a história do Brasil e da Alemanha. 

A artista conta que o processo de elaboração do mural foi cuidadoso para que todas as mulheres tivessem o mesmo destaque sem perder suas características mais marcantes que as torna únicas em tonalidades diversas, mas não óbvias, como por exemplo, os tons de pele.  

-Como em todos os meus trabalhos, busco achar as geometrias das formas inseridas nas imagens figurativas e procuro respeitar  um equilíbrio entre os vazios da imagem. Alinhei a estética modernista,  construtivista da Bauhaus, evitando degradês esfumaçados e deixando bem marcada a passagem de uma cor para a outra.

Segundo Dolores, é importante assinar um mural de 400 metros quadrados no Boulevard Olímpico. Para ela, este local valoriza a arte urbana e faz parte de um dos principais atrativos turísticos da cidade. Além disso, para a realização do projeto, nossa artista contou com uma equipe feminina, entre assistentes e parte do audiovisual.

Processo de pintura do mural. Dolores com as assistentes Ju Angelino e Lolly. Foto: Beatriz Gimenes

Quem são as mulheres presentes na obra?

Ruth de Souza

Atriz brasileira, considerada uma das grandes damas da dramaturgia nacional e primeira referência para artistas negros na televisão por seus papeis notáveis.

Ruth se destacou por ser a primeira atriz negra a protagonizar uma telenovela na Rede Globo, em A Cabana do Pai Tomás (1969). Além disso, ela é a primeira artista brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema, por seu trabalho em Sinhá Moça (1954), no Festival de Veneza.

Marlene Dietrich

Atriz e cantora alemã,  naturalizada nos EUA. Manteve grande popularidade ao longo de sua carreira com atuações em palcos e em filmes de Hollywood. A atriz também é notável em sua colaboração humanitária durante a Segunda Guerra Mundial, quando abrigou exilados e os ajudou financeiramente.

Ruth de Souza. Foto: Beatriz Gimenes
Marlene Dietrich. Foto: Beatriz Gimenes

Tereza de Benguela 

Foi uma líder quilombola que viveu,  no século XVIII, às margens do rio  Guaporé, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, atual estado de Mato Grosso. Tereza foi esposa de José Piolho, que chefiava o quilombo do Quariterêre.  Com a morte do marido, Teresa se tornou a rainha do quilombo no início dos anos de 1750. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, até 1770.

Sophie  Scholl

Era membro da Rosa Branca, movimento da resistência alemã antinazista. Foi condenada por traição e executada na guilhotina. É conhecida como uma das poucas alemãs que se opuseram ativamente ao Terceiro Reich, durante a Segunda Guerra Mundial, e é também reconhecida como um mártir.

Almerinda Faria Gama

Advogada e sindicalista, ela foi uma das pioneiras na atuação de mulheres negras na política brasileira, e uma das duas primeiras a participar do processo de formação de uma Assembleia Constituinte, em 1934. Nascida em Maceió (AL), no dia 16 de maio de 1899, Almerinda tem um importante papel na história da militância feminista no Brasil, dentro e fora dos sindicatos.

Presidiu o Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos, e tornou-se apoiadora de Bertha Lutz, presidente da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino e figura engajada na conquista do direito ao voto pelas mulheres. Como representante classista, acabou sendo indicada, em 1933, como delegada na votação que escolheu os integrantes da Assembleia Nacional que elaboraria uma nova Constituição para o Brasil.

Embora não tenha sido eleita, permaneceu na política durante algum tempo. Foi dirigente do Partido Socialista Proletário do Brasil, que surgiu durante os trabalhos da Assembleia Constituinte e que durou até a instauração do chamado Estado Novo, em 1937.

Tereza de Benguela. Foto: Beatriz Gimenes
Sophie  Scholl. Foto: Beatriz Gimenes
Almerinda Faria Gama. Foto: Beatriz Gimenes

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