Por: Aline Moraes e Mariana Barboza
O muralismo, enquanto movimento artístico, nasceu no México após a Revolução Mexicana, instaurando uma nova era em que a arte passou a desempenhar um papel central na educação e conscientização popular. Com o apoio do governo de Álvaro Obregón, artistas foram incentivados a usar os murais como ferramenta pedagógica, democratizando o acesso à cultura e rompendo com os paradigmas tradicionais da arte acadêmica. Assim, o muralismo se consolidou como uma expressão artística e como um meio de comunicação em massa, essencial para transmitir as histórias, os ideais e as lutas de um povo.
No Brasil, o muralismo foi incorporado e adaptado pelos modernistas. O movimento se desenvolveu como um instrumento de afirmação de uma identidade nacional em construção, refletindo a busca incessante por uma linguagem artística que captasse as especificidades do contexto brasileiro. Nomes como Emiliano Di Cavalcanti, Candido Portinari e Clóvis Graciano trouxeram o muralismo para a realidade nacional, com abordagens que, embora distintas, refletiam as complexidades de um Brasil plural, em busca de uma linguagem artística própria.
Di Cavalcanti
Emiliano Di Cavalcanti, figura central do modernismo brasileiro, também se aventurou na arte mural, embora sua abordagem fosse mais voltada para a celebração da vida urbana e da diversidade cultural do Brasil. Suas obras, que capturam o cotidiano das festas populares e do carnaval, trazem à tona a complexidade social do país, destacando a convivência de diferentes culturas. Di Cavalcanti empregava uma crítica social sutil, mas incisiva, em seus murais.
Candido Portinari
Candido Portinari desponta como a principal referência do muralismo no Brasil, utilizando essa técnica como um meio de promover a reflexão sobre as injustiças sociais do país. Suas obras abordam temas como a desigualdade, a opressão e as lutas dos trabalhadores, sempre permeadas por uma estética singular, que mescla o engajamento político com uma expressividade pessoal. Portinari não apenas adaptou as influências do muralismo mexicano ao contexto brasileiro, mas também contribuiu para a criação de uma linguagem visual própria.
Clóvis Graciano
Clóvis Graciano, sem se alinhar a um movimento muralista estruturado, destacou-se pela representação das lutas sociais e do trabalho manual em seus murais. Sua obra, marcada por um realismo simbólico, captura tanto a dureza quanto a dignidade dos trabalhadores brasileiros, urbanos e rurais. Graciano, assim como Portinari, utilizou o muralismo para dar visibilidade às questões sociais do país, mas com uma abordagem estética que alia força e sensibilidade, refletindo as tensões e esperanças de um Brasil em processo de transformação.
Hassis
Herculano De Menezes Hassis, conhecido como Hassis, é um dos principais nomes do muralismo no sul do Brasil, onde sua obra celebra a cultura popular e regional, especialmente em Santa Catarina. Seus murais são marcados pela valorização das tradições locais, resistindo à homogeneização cultural imposta pela modernização. Hassis utilizou o muralismo como uma ferramenta de afirmação da identidade regional.
Hoje, o muralismo no Brasil continua a expandir suas fronteiras, enriquecido por novas gerações de artistas que trazem perspectivas contemporâneas para o espaço urbano. Artistas contemporâneos, como os artistas representados pela Aborda, têm explorado uma variedade de técnicas e temas, desde retratos hiper-realistas até abstrações e simbolismos que refletem a complexidade da de uma poética inserida na realidade brasileira. Nomes como Cazé, Consp, Wira Tini, e Luna Bastos destacam-se por suas abordagens únicas, incorporando elementos da cultura afro-brasileira, indígena e urbana, além de experimentarem novas técnicas e linguagens, como o lambe-lambe de Alberto Pereira, que inova ao combinar intervenções visuais com narrativas sobre raça e memória.
Além disso, a arte muralista contemporânea no Brasil é amplamente colaborativa. Projetos comunitários e festivais de arte urbana têm promovido o encontro entre artistas e comunidades locais, gerando murais que muitas vezes refletem as histórias, as lutas e as esperanças de quem vive nesses territórios. Esses encontros fortalecem o papel da arte pública como ferramenta de transformação, não só visual, mas também social.
Com sua capacidade de transformar o espaço urbano e de dar voz a questões urgentes como racismo, desigualdade e o meio ambiente, o muralismo contemporâneo resgata e revitaliza áreas antes esquecidas, trazendo cor, vida e reflexão aos ambientes urbanos.
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