Em reconhecimento ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, preparamos um conteúdo especial com Wira Tini, artista visual, muralista e pesquisadora representada pela Aborda. Descendente do povo Kokama, Wira dedica sua obra à representação da Amazônia urbana, desafiando visões reducionistas que limitam a região à ideia de uma floresta. Sua arte reflete a complexidade cultural dos povos indígenas e ribeirinhos que vivem em centros urbanos, trazendo à tona as conexões entre tradição e modernidade.
1. O que motivou sua pesquisa sobre a Amazônia urbana, e como ela busca ampliar a compreensão da região?
Wira Tini: Minha pesquisa foca na Amazônia urbana porque 75% dessa região é urbanizada. Muitas vezes, as pessoas não percebem que os povos indígenas e ribeirinhos vivem nesse contexto, onde suas tradições e cultura também estão inseridas. Meu trabalho explora essa realidade, especialmente os portos fluviais, conhecidos como “beira”, que conectam diversas cidades da Amazônia. Para mim, o rio é uma estrada que une a Amazônia urbana à Amazônia floresta. O objetivo é desafiar a visão limitada que ainda persiste sobre a Amazônia, mostrando que ela não é apenas floresta, mas também um território culturalmente rico e urbanizado.
2. Como a sua vivência em Manaus e sua herança cultural como descendente do povo Kokama influenciam em sua arte?
Wira Tini: Sou uma indígena não aldeada, descendente do povo Kokama. Cresci na beira do rio, neta de um capitão de bordo, e minha infância foi marcada por viagens entre Manaus e o interior, onde minha bisavó tinha uma casa de farinha. Essa vivência entre canoas e barcos sempre esteve presente na minha vida, influenciando profundamente minha arte. Meu trabalho é uma retomada dessa identidade indígena, e busco trazer à tona as vozes dos meus ancestrais, que sempre me guiaram, mesmo antes de eu me reconhecer plenamente como indígena.
3. Que impacto você espera causar na percepção das pessoas sobre a Amazônia urbana e a vida indígena nesse contexto?
Wira Tini: O principal objetivo do meu trabalho é desmistificar a Amazônia, rompendo com o estigma de que ela é apenas floresta. Quero que as pessoas entendam que a Amazônia urbana é também um território indígena, com uma cultura rica e diversa. Desejo que meu trabalho inspire um orgulho coletivo entre os povos da região, mostrando a beleza e a importância de preservar nossa cultura, nossos rios e nosso território. Quero transmitir a Amazônia que carrego em mim, com orgulho de ser deste território, de ser nortista, de ser indígena, e de ser uma artista que fala sobre a Amazônia através da arte.
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