Durante o final de junho e início de julho de 2024, o artista Filipe Grimaldi, representado pela Aborda, participou do festival internacional de arte urbana Nuevo Mural (NuMu) no Equador. Em uma residência artística imersiva na cidade de Cotacachi, Grimaldi transformou um pórtico colonial na comunidade indígena kichwa Tunibamba, integrando elementos da cultura local.

O projeto de Grimaldi, com a assistência artística de Celina Spolaor, consistiu na transformação de um arco de uma antiga entrada de fazenda do período colonial. Originalmente identificado com o letreiro “hacienda Tunibamba”, o pórtico foi reimaginado pelo artista, que utilizou as letras em metal para criar uma nova leitura do local. A nova identificação “Comuna Tunibamba Kutakachi” emprega o letrismo popular e reflete uma atualização simbólica e estética.

A arquitetura clássica, com seus pórticos imponentes, sempre serviu como símbolo de poder e respeito, comuns em templos, palácios e monumentos na Europa. No contexto da fazenda Tunibamba, este arco representava a dominação e a riqueza dos colonizadores espanhóis. Ao se apropriar do arco, Grimaldi não apenas revitaliza o espaço, mas também lhe confere novos simbolismos.

Aline Moraes, curadora da Aborda, observa que: “Grimaldi, ao apropriar-se do arco, não somente o revitaliza, como também atribui novos simbolismos a ele. Podemos destacar a estética tradicional da América Latina e do povo indígena kichwa, através das cores, grafismos e letras, bem como pelo processo inerente da arte urbana de ressignificação criativa dos espaços públicos e socialização da arte como bem comum.”