Por: Carolina Herszenhut
Vou abrir esse texto com três definições do wikipedia:
Artista é, de modo geral, uma pessoa envolvida na produção de arte, no fazer artístico criativo. No entanto, essa definição tem variado imensamente ao longo dos séculos e nas diferentes culturas, e seu conceito está diretamente ligado ao conceito de arte, igualmente controverso e variável. Pesquisas científicas tem consistentemente falhado na tentativa de enquadrar o que se entende por artista dentro de parâmetros fixos e de valor universal, mas isso não impede que as tentativas continuem a se multiplicar.
Arte (do termo latino ars, significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens, tais como: arquitetura, desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema, em suas variadas combinações. O processo criativo se dá a partir da percepção com o intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único e diferente para cada obra.
A síndrome do impostor, fenômeno do impostor ou síndrome da fraude, é um fenômeno pelo qual pessoas capacitadas sofrem de uma inferioridade ilusória, achando que não são tão capacitados assim e subestimando as próprias habilidades, chegando a acreditar que outros indivíduos menos capazes também são tão ou mais capazes do que eles.
As pessoas que sofrem deste tipo de síndrome, de forma permanente, temporária ou frequente, parecem incapazes de internalizar os seus feitos na vida. Não importando o nível de sucesso alcançado em sua área de estudo ou trabalho, ou quaisquer que sejam as provas externas de suas competências, essas pessoas permanecem convencidas de que não merecem o sucesso alcançado e que de fato são meras fraudes.
As provas de sucesso são desmerecidas como resultado de simples sorte ou de se ter encontrado no lugar certo na hora certa, ou com uma crença que a própria inteligência e habilidades foram superestimadas.
Dar preço num trabalho talvez seja a segunda coisa mais difícil para um artista, e com certeza a primeira é lidar com como as outras pessoas reagem ou julgam seus preços.
Para começar esse texto vou explicar rapidamente a diferença entre preço e valor:
Cabe essa diferença nesse texto porque valor está relacionado a visão e preço com o bem tangível, e é nesse alinhamento entre expectativa e realidade que reside o maior problema do artista e faz com que muitas vezes “mercado”ou o comprador desvalorize o trabalho artístico.
Vivemos num sistema capitalista, onde cada vez mais um liberalismo econômico caminha a passos largos e coloca presente o que eles chamam de a “mão do invisível“.
O liberalismo econômico consiste no entendimento de que o Estado não deve interferir na economia, pois essa deve ser feita a partir da livre iniciativa dos cidadãos, que devem ser livres para produzir e fazer comércio, sendo responsáveis por si mesmos.
A meritocracia e a valorização do esforço individual são marcantes no pensamento liberal, que coloca como responsável pela riqueza e pelo sucesso, unicamente, o indivíduo. E tendo por princípio máximo a lei da oferta e da procura.
É nesse ponto que acredito começar o que vai se desencadear na síndrome do impostor do artista, pois é quando o mercado começa a dizer que muitas pessoas fazem o que você faz, e por isso, você deve vender mais barato levantando questões de qualidade e relevância daquilo que se faz.
Livrar-se desse estigma muitas vezes parece impossível, pois junto com todas as dúvidas sobre o processo artístico e a qualidade do trabalho vem as contas, e precificar trabalhos intangíveis é tarefa quase impossível. Já vi algumas pessoas dizerem: “Para saber o preço de um trabalho, pegue todos os custos (tinta, pincel, tela etc) e multiplique por X que é o seu tempo”, não vou entrar aqui em como precificar um trabalho, pois não é o foco desse texto, porém eu não acredito que essa é a forma correta de fazer, uma vez que ela desconsidera, aquilo que é mais importante em um artista: o trabalho intelectual.
E esse é o ponto onde quero conectar com a desvalorização do trabalho, pois é somente na compreensão e valorização desse trabalho intelectual que será possível sair dessa armadilha chamada síndrome do impostor.
Acho que uma das coisas que mais escuto no meu dia são as pessoas questionarem os preços, a partir disso o que mais faço é explicar o valor desses trabalhos, e é nesse diálogo entre preço e valor, na apresentação de argumentos e fatos que (des)construo a ideia de caro e com isso valorizo o trabalho daqueles que agencio.
Parece fácil colocando assim, porém num país como o nosso onde temos um mercado de arte muito pequeno e desvalorizado é fácil o artista se questionar e com isso não acreditar na potência e no valor do que faz, deixando que clientes sem conhecimento abaixem seus preços. E quando digo preço, me refiro ao valor monetário, mas em muitos casos é também a sua capacidade e posição que são questionados.
Adoraria poder aqui fazer um passo a passo de como evitar a síndrome do impostor no seu trabalho artístico, seria como para relações afetivas como evitar relações abusivas, mas ouso dizer que algumas coisas podem ser feitas:
aceite elogios, acredite naquilo que falam do seu trabalho, principalmente vindo de pessoas de confiança;
ao menor sinal de desrespeito, caia fora;
apresente seu trabalho ao máximo;
nunca duvide do seu valor, ele não é somente o preço do que você faz ❤
Parece coach, me desculpem, rs. E como tudo que escrevo não são verdades absolutas, apenas minhas brisas sobre o mercado de arte. E nesse processo é importante lembrar que o seu trabalho é o resultado de anos de estudo, horas de dedicação, posicionamento político e de mercado entre muitas outras que tem um enorme valor. E pontos como esse que o mundo nos faz a cada dia acreditar que não tem valor, são exatamente os que devem ser valorizados cada vez mais.
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