A artista Luna Bastos, representada pela Aborda, é um dos destaques na exposição “Funk: Um Grito de Ousadia e Liberdade”, em cartaz no Museu de Arte do Rio até 24 de agosto de 2024. A mostra, que conta com a participação de mais de 100 artistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros, é um marco importante na valorização do funk como fenômeno cultural abrangente.
Sob a curadoria da Equipe MAR, Taísa Machado e Dom Filó, com a colaboração de consultores especializados — incluindo Deize Tigrona, Celly IDD, Tamiris Coutinho, Glau Tavares, Sir Dema, GG Albuquerque, Marcelo B Groove, Leo Moraes e Zulu TR —, “Funk: Um Grito de Ousadia e Liberdade” realiza uma análise meticulosa e articulada da evolução histórica do funk. Destacando-o como um produto da matriz cultural urbana e periférica, a exposição proporciona um olhar atento às comunidades que formam o epicentro criativo do gênero, explorando como esses grupos não apenas contribuem para a evolução do funk, mas também como são afetados e transformados por ele.
“Visão De Futuro”, obra de Bastos escolhida para compor a exposição, é inspirada em uma fotografia capturada por Juh Almeida — fotógrafa e diretora reconhecida por buscar construir, através do audiovisual, novos imaginários sociais que desafiam e expandem a compreensão coletiva sobre diversidade, identidade e pertencimento.
Empregando a técnica de bordado com miçangas, Bastos trabalha com símbolos emblemáticos da cultura periférica brasileira — como o cabelo estilizado, popularmente conhecido como ‘nevou’, e os distintivos óculos Juliet — em busca de elevar esses elementos, que tradicionalmente possuem estigmas atrelados a preconceitos raciais e classistas, como expressões de pertencimento, beleza e autoestima.
As cores escolhidas pela artista — azul, verde, amarelo, branco e marrom — evocam a rica iconografia brasileira, enquanto a representação de um jovem com três óculos Juliet simboliza a visão de futuro e a resiliência da juventude negra.
Aline Moraes, integrante da equipe curatorial da Aborda, destaca a rica história das miçangas, originárias da África, onde eram empregadas por diversos povos na criação de artefatos carregados de significados espirituais e culturais. Esses objetos serviam não apenas como amuletos de proteção ou representações de divindades, mas também como símbolos de identidade e reconhecimento. Segundo Moraes, na obra “Visão De Futuro”, “o uso meticuloso de miçangas confere uma dimensão de sacralidade ao trabalho, valorizando simultaneamente a profundidade da sabedoria ancestral africana e sua influência na diáspora africana no Brasil.”
A obra de Bastos, portanto, funciona como um veículo para diálogos mais amplos sobre identidade, memória e esperança. Sua inclusão na exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade” reitera a importância de abordagens interdisciplinares na compreensão de fenômenos culturais, bem como o papel crucial da arte na articulação de discursos sociais e políticos.
Informações sobre a exposição:
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